quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A renúncia

Àqueles que amo muito e que ficarão por aqui sem saber para onde ir, comprando e comprando, e sendo ludibriado pelo sistema na cara dura. O choro de minha mãe na noite de despedida três dias antes da minha viagem me fez sentir um nó na garganta, mas também uma sensação de desgarramento, importante para mim e para eles, que ficarão nas suas vidas insanas do dia a dia. Não sou responsável pela evolução deles, mas pelo grande amor que tenho a todos eles, renuncio a tudo isso aqui; está tudo desmoronando. O meu alicerce está pronto, sempre tive muito amor de pais e irmãos, e sou grato a eles por isso. Mas é minha hora, de evoluir ainda mais, de despertar o meu ser de forma mais profunda. O que vai acontecer? Só o amanhã dirá. Só sei que o que quer que aconteça vai ser a colheita do que escolhi e do que fiz ontem e hoje. Meu coração está na paz. Namastê! (que quer dizer: o meu deus saúda o teu deus - não o deus onipotente, onisciente e onipresente - mas o deus que habita cada um de nós).

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um ganido

um latido
um choro
um ganido
animal
selvagem
suplicante
e a indiferença
se fez presente
enjaulado
no cativeiro
merda
pra todo lado
cheiro humano
em putrefação
a raça
acabou
a novela
não vai ter
final feliz
e onde
você vai
meter o seu
nariz?
e onde
você vai
descarregar
seus detritos
deteriorados
pela carnificina
impiedosa
que você
produz todos
os dias?
você tem
amor?
você faz
amor?
você espalha
amor?
você chora?
você vê?
você ouve?
ou o mundo
acabou?
passa a borracha
e tenta ver
a luz no
meio desta
zona toda.
sua vida
não é nada
se continuar
mediocremente
confortável
em sua mesmice
de parecer
alguém importante.
você é nada
o seu trem lotado
não chega nem
perto do som
daquele ganido
na madrugada
insossa e agulhosa
acorde!