domingo, 18 de abril de 2010

Brisa musical

O meu eu já não se encontra. Já não quer te receber. Não te quer mais. Entenda isso de uma vez por todas. Somente por agora. As emoções me assaltam. E me querem. E eu decido. Eu eu sorrio. E eu sou feliz, como nunca pensei que teria sido. Estou comigo. Aqui. Sem chorar. Seguindo em frente. Seguindo sempre adiante, pois é mais além que eu sempre vou querer ficar. A estrada e as ruas passam e eu fico imaginando coisas que vão acontecer daqui a pouco, daqui pra frente. Viajando no que ainda não aconteceu. Brisando na música que toca aqui no carro. Viagem. Sem comparação. Corporação. Corpo dito. Corpo calado. Corpo colado. Corpo lapidado. Dado. Dados. A dança dá o exemplo, te incita e te imita. E te envolve como se fosse o mais sacana dos amantes. Resolvi ficar por aqui. Não me arrependi. Hoje sou uma pessoa melhor. Hoje eu me quero melhor. Toco o meu corpo e já não sinto medo. Já me entendo. Já me desejo. Já me quero. Em busca da música que me fez viajar sem algemas, não a encontrei, mas continuo na viagem que escolhi. No meu barco. Na minha praia. Eu faço tudo e escrevo aqui na mente. Sempre estou escrevendo. Fotografando. Filmando. Construindo a história da minha estreia aqui neste mundo. Estou agindo. Estou transformando. Estou te amando mais do que eu mesmo. Estou aqui para você. Desfrute da minha sina. Viva. Viaje. Seja, antes de ter.

Seja. E tudo o mais será meros detalhes de bastidores.

sábado, 17 de abril de 2010

Beira-mar

Eu estava à beira mar, enxergando o que eu sempre fui. O que meu corpo sempre quis me dizer e eu nunca escutei. São corpos que falam. São corpos que, frágeis, sentem o que é cair. Alçam o mais complicado vôo na esperança de continuar ser humano. Sendo. Fenda exposta na pele da incompreensão. Os pés sussurram. A boca pisa. Enquanto o coração escuta. Com atenção. Com pré-tensão.

Queria dizer tanta coisa, mas me falta agora a memória que tive alguns minutos atrás... Faltam gestos que possam descrever o que foi que aconteceu naquele instante fatídico em que os seres se encontraram e não puderam mais realizar a incógnita separação. Já não sei mais se serei amanhã o que sou hoje, pois é tudo tão mutável, tão intransigente, tão gente, tão sem. Tão eu desligado de tudo o que está em volta de ti... Em volta de mim.

Estar ciente não é dizer que aceita, é dizer que vai até o fim sem reclamar, sem se arrepender de qualquer prejuízo que possa saltar aos olhos de quem não vê. Parece tudo tão lunático. Parece tudo tão poético. Mas a vida é dura. Duríssima. E ela segue, sem pena, com choro, com dó do que não pode ser, do que não foi, do que não sou, do que sempre desejei e não aconteceu. Acho que eu me basto, senão as reticências já teriam me engulido.

...

sábado, 10 de abril de 2010

Eu mudo, você muda

A mudança está mim, no âmago, no amor, no outro, em você. E por quê você não me olha e me mostra o que você tem de melhor e pior? Então fico aqui sozinho a refletir sobre o sexo da lua, sobre o sexo dos anjos, sobre o seu sexo. Sobre o meu sexo. Sobre os meus desejos. Sobre mim. E seria tão bom se você viesse sobre mim... mas nesta noite fria eu não sei o que pensar, pois as idéias viajam sobre a superfície do absurdo, sobre a linha tênue que nos separa do infinito. Mas não se incomode. Eu estou escrevendo, eu estou vivendo, eu estou aprendendo a olhar, a sentir novamente o mundo como ele se mostrou desde quando eu tinha apenas alguns anos de idade. Quando eu tinha o cabelo encaracolado, quando eu não imaginava que estaria nesse vulcão, nessa erupção, nessa loucura de querer transformar o mundo com um sorriso, com um piscar de olhos, com uma arte, com um palhaço, com um batuque, com um clique, com um tricotar, com um jingado de capoeira, com uma pincelada, com um movimento de dança, com um contato, com improvisação, com amor, com dor, com ardor. Senti vontades. Senti desejos. Senti anseios. Senti eu mesmo clamar por aquelas amizades que ficaram esquecidas em algum lugar do tempo, em algum lugar de mim, em algum lugar de você. Por quê as horas nos separam como se fossem cachoeiras que não se cansam de correr e escorrer o tempo passado? Por quê não nos falamos e sentimos o 'tum tum' do abraço apertado, da lágrima incotida, das mãos entrelaçadas e dignificadas apontando para as estrelas da espera?

Eu quero a amizade que te aflige, que te regenera, que te transcende.