domingo, 28 de junho de 2009

Brisa de domingo

Lambada. Acho que era Beto Barbosa. Que periferia linda! Viajando no bonde das ideias. Olha, ela estava "um homem", disse aquela outrazinha desocupada de tudo. Paquera, conversa e depois sacanagem debaixo dos lençóis. Aposto! A minha irmã. Minha irmã querida. Preciso estar mais próximo de ti. Dizer que te amo. E vou fazer isso antes mesmo do seu aniversário, que é nesta semana. Já perdi as noções do que é certo ou errado, bom ou ruim. Projetando o futuro, e ainda por cima brisando diante do passado, que é agora. E o triângulo come solto aqui na música delirante que ouço agora. É sempre agora. O tempo é sempre agora. Ah, mas como esse filme é chato. Pensei alto, liga não. A ladeira inclinada em meu coração descamba morro abaixo e até acima de sua cabeça, se duvidar. Acho que deve ser assim na lua, esta mesma sensação que sinto agora. Liberdade entranhada na cabeça e na veia. Ela tinha dito que de ataque do coração eu não morreria, porque minhas veias estavam fluindo muito bem, tudo isso ao examinar os papéis dos exames que eu tinha feito recentemente. A dimensão superior me faz sentir um ardor aqui na barriga. É tão latente... Fome quase satisfeita e ardilosa. Falta só um pouquinho para encher a vasilha e isto tudo começar a transbordar. Um ramo no corpo liga nós dois numa união tão ferrenha quanto deliciosa, como essa frutinha que irei comer já. Já. Já foi. O pensamento vai e volta, incansável. Ele está alucinado pra dedéu (Ha-ha, pra dedéu é engraçado pra dedéu. Ha-ha). Os tombos e escorregões parecem tão necessários quanto a própria vida. Carambolas. Gomos de mexerica. Partes do vazio da vida. Partes do vidro dos seus olhos. Estou viajando aqui no papel (no papel mesmo, porque muito disto registrado aqui foi rascunhado em papel vivo e elétrico, sim!), mas a mente se perde por meandros que até eu (e também meu coração) desconheço. Amanhã é outro dia ainda mais incerto. Quando eu fui imaginar que um dia estaria exatamente onde estou? Onde os meus queridos irmãos de família estão. Tenho muito o que viver ainda, por isso não posso perder tempo. Por isso tenho pressa de respirar, de ser. Até explodir em partículas indecifráveis e fugazes. Amigos dignos de encontros arquitetados pelo acaso e pelo destino (tudo ao mesmo tempo e misturado), e além disso, inimagináveis. São todos estes que eu quero. Para ontem. Para hoje. Amanhã e sempre. E se eu fosse ou tivesse nascido mulher? Não. Acho que sou mesmo é Deus, porque tem hora que eu acredito em mim, e tem hora que não. Um sonoro não para esquentar a sua noite! Eu gosto é das perguntas que não parecem perguntas, que parecem ação! Nossa, de que planeta eu estou voltando? Planeta luz, só pode. O que você acha? Está ótimo! Beleza é igual à palavra relativo e à palavra relatividade. Quem está embaixo sempre pode cair para cima. Acredite! E vice-versa também. Ha! Agora que eu vi que não estou escrevendo aqui com a caneta que eu estava imaginando na minha mão. A morte que eu terei não importa. Morte é morte. O que importa é a vida que terei (ou estou tendo). Um pensamento estranho surgiu agora (não exatamente agora, porque eu escrevi isso há uns minutos). Mas ele se foi de repente, da mesma forma que uma estrela cadente se apaga. Ela vinha cadenciando pelas ruas estreitas. E cadenciava as cadeiras mais do que tudo. Lá-lá-lá-lá-lá. Alongamentos do pescoço e dos contornos e curvas do cérebro. Uma brisa de domingo. Pronto, foi aqui que o título destas linhas saltou na minha frente, diante dos olhos indagadores. Não posso fazer nada se escrevo o que vem à mente. É a velocidade mais quente pela qual já passei. A mão já pede descanço. As palavras estão eufóricas para pular aqui nesta folha, nesta página. Mas é preciso deixar mais um pouco para amanhã. Até lá. Au revoir.

Ecoando o passado

As lembranças insistem em permanecer presentes como se fossem independentes e donas de si mesmas. Mas elas são, não são? São sim! E ainda por cima conseguem surpreender. Mas o que fazer se não somos vítimas delas, muito menos escravos? Somos elas e elas também são nós. E isto basta para entender que não conseguimos nos desvencilhar jamais delas. Você consegue não ser você por toda a vida? Acho que não aguentaria. Ah, mas não era aí que eu queria chegar... (onde mesmo eu queria chegar? Pode me ajudar a compreender esta pergunta?).

Chuva. Ruínas. Cimento. Chão. Muro. Matagal. Linha de trem. Trem. Bate-papo. Pingos. Viagem. Admiração. Imensidão. Fúnebre. Mágico. Místico. Passado. Pessoas. Segurança. Abismo. Precipício. Fuga. Dimensões. Imaginação. Consternação. Limpeza. Pureza. Liberdade. Sonhos. Transformação. Aventura. Amizade. Mulher. Amor. Pinhas. Estrada. Silêncio.

Silêncio.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Aos 21

Sonhei tanta coisa em forma de pensamento que quase não me lembro de ter dormido profundamente. Estava à margem do eu sonolento e não pensava em mais nada, a não ser a vida. Ou seja, pensava sobre tudo. E quando pensava, logo queria escrever. Mas quem disse que eu lembro das coisas que me assaltaram durante o sono? Nada! Deveria ter um caderninho ao lado, porque a cada sobressalto eu ia lá e escrevia uma ou outra palavra. É, boa ideia. Quem sabe amanhã. Ou hoje à noite. Ou de madrugada. A vigília nem sempre é derradeira e finita.

Talvez fosse ansiedade. Talvez fosse a maturidade. Talvez fosse a precocidade. Talvez fosse os desejos ininterruptos. Talvez fosse a vontade insana de voar para longe. Talvez fosse a certeza de que o perto vale mais a pena. Mas por um momento tirei da cabeça os talvezes e mirei a certeza dentro de mim: é hoje, mais um ano, mais 365 dias. E aí? O que isso importa? No quê isso faz tanta diferença? Sei lá, essas indagações sempre estão pairando por aqui, mas não exigem respostas absolutas. Elas só são indagações. Mas o que é mais importante então?

As letras? As pessoas? Os amigos? O mundo? A confiança? O respeito? A vida? Tudo se encontra e se contradiz. Tudo sou eu a partir do momento que eu assumo que o eu é essencial para o coletivo. Que o eu está aqui não apenas para ser eu, mas para ser todos. Ser um cara de 30 e uma criança de 5. Ser um idoso de 80 e um jovem de 21 alucinado pelas expectativas de alcançar o infinito. Um suspiro e daqui a pouco serão mais 365 dias corridos, úteis e necessários. Mais 365 para repensar o meu papel aqui nestas esquinas fartas de vida e amor.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Dia nublado

Sentir é tão complexo, mas tão complexo...
É complexo mesmo. De verdade. Não duvide. Não duvido.
E tão complexo quanto tirar um cochilo depois do almoço em uma grande cidade.
É preciso pegar na enxada. Não todos os dias... Ou sim. É urgente fugir da cidade. Fugir de vez em quando. Sabe por quê? Porque a cidade já está entranhada aqui. Mas será que é impossível? Imagina. É possível e necessário. Mas só em alguns momentos. Será que é este o momento? Talvez não. Acho que não. É bem possível que não. Porque a vida aqui não está de todo ruim. Não mesmo. O otimismo exacerbado talvez contribua para isso...
Talvez.
Otimismo perante a vida. Otimismo perante o outro. Otimismo perante o eu irregular e inconstante.
Enquanto espero a música, danço a vida com o jogo de cintura que me foi concedido.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Mente poderosa

A corda bamba anda mais equilibrada ultimamente. O que será que está acontecendo? Não falo de mesmices. Eu falo de encontros com a essência. Estou de cara com a minha. De cara mesmo. Passadamente passado. E me pergunto novamente: o que será que está acontecendo? É bem possível que eu já tenha a resposta, mas é tão bom fingir que eu não sei... Não saber é tão bom. As pessoas precisam experimentar mais isso. É o lance da crise que eu sempre digo. Buscar sempre e não encontrar jamais. Essa crise é das boas! Melhor do que o balanço da gangorra, melhor do que os altos e baixos da montanha-russa, melhor do que um domingo preguiçoso ao lado da pessoa amada, melhor do que o sorriso de uma criança. Melhor do que o sorriso de uma criança? Ah, também não exagera!

domingo, 21 de junho de 2009

Cheiros e sensações

Sem pesos na consciência, me deitei, relaxei e repassei pela memória tudo o que tinha acontecido naquele dia. O corpo estava cansado, mas a vontade de fazer cada vez mais e melhor não me deixava em paz. É tão íntimo, singular e transformador que muitos não entendem. Ou não querem entender. Eu entendo. E te digo: há muitas coisas melhores nessa vida do que dinheiro. Se você não descobriu ainda, sugiro que faça um esforço a mais para encontrar a linha que segue até o horizonte de possibilidades incomparáveis, únicas. Densas. Tudo foi muito denso. Essa é que é a verdade. Até os arroubos de irritação. Os abraços contundentes (aqueles que te fazem sentir com a alma mais leve). Os olhares e as pessoas que estavam ali, com expressões que iam do espanto à admiração. A praça é nossa e não tem mais volta. A união vai prevalecer e o desejo de mudar vai continuar aqui. Pelo menos enquanto houver a chama da vida acalentando os mais belos princípios. As escolhas têm que ser feitas. Fiz a minha. Não me arrependo. Não há mais como retornar. Esse cheiro, essa sensação jamais sairão deste corpo e desta mente que vos fala. Nunca. Levo as mãos à cabeça, olho para o céu (esta noite não tem luar) e agradeço por ter visto a transformação acontecendo a um palmo do meu nariz. Mais uma vez.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Crepitando

O garfo. O fogo. A vontade. A resistência. A pipoca. A panela. As pessoas. As cadeiras. Os banquinhos. Os cantinhos. Os gravetos. A emoção. A imaginação. O macarrão. O crepitar. O fogo de novo. As palavras. O comum. O primordial. Os amigos. A fome.
O cheiro.
A fogueira estava lá e não discordou em nenhum momento dos presentes. Apenas se manteve neutra, tão neutra quanto um raio de luar. O seu fogo hipnotizava a todos ao seu redor. Era uma brincadeira eterna. Brincar com fogo faz lembrar a infância. Os tempos que já foram, mas de qualquer forma continuam nos rodando por toda a vida.
Os troncos e gravetos viram brasas incandescentes rapidamente. É o nosso calor. Ou melhor, o calor da mãe natureza. Depois de virar brasas vivas, elas viram cinzas. E talvez ainda renasçam para uma nova vida, numa encarnação (ou embrasação) perene e inflexível.
Esqueço até da música, pois as outras dimensões me assaltam. Aterrissam em mim como se fossem deusas onipotentes e oniscientes. E o pior (para mim) é que são mesmo. Vai saber.
Nos últimos dias... ah, estou fazendo sim. Fazendo o que senti vontade desde a primeira vez. Experimentar. É preciso experimentar a vida, mesmo naqueles lugares que parecem despossuídos dela.
Experimente a vida, antes que ela te experimente. E acabe com você de uma vez por todas.

sábado, 13 de junho de 2009

Sopa no barco

Fome. Fome. Fome. Um monte de fome. E uma sopa aqui na frente. Está tão deliciosa. Mais deliciosa do que o dia de hoje? Duvide-o-dó! Apenas um complemento da noite anterior. Você nem imagina sobre o quê eu estou falando. E isso me faz gargalhar ainda mais aqui por dentro. A-ha-ha-ha-ha. Não me localizo neste espaço. Não me pertenço a isto. Estou em outra dimensão. Ouço ruídos de lá, mas não tão perceptíveis. Nem um pouco parecidos com aqueles que nós produzimos, mais em nossas cabeças devaneantes do que ali fisicamente falando. Mas que a energias estavam boas, ah, isso estavam. Para lá de de boas. Enquanto isso a sopa dá uma esfriada. Mas a fogueira está lá para alimentar nossas veias artísticas. Sim, porque é preciso ser artista, seja lá de que tipo for, para viver por estes percalços mil. Sabia que eu pensei que algumas palavras e combinações desta frase anterior aí jamais poderiam ser lidas por um gringo? Ela é só nossa! Todos os seus vértices e cheiros. Cores e formas. Cada traço é totalmente nosso. E aí que me dá mais vontade ainda de gargalhar. Por dentro. Por fora. Pelos lados. Pelas dimensões possíveis e imagináveis, mas definitivamente essenciais para um caráter menos falso de se viver. As coisas nem encontram mais lados por onde escapar. Estão todos entupidos, de outras e mais outras palavras, que correm em busca do seu cultuado prêmio, como se fossem milhares de espermatozóides em disparada para alcançar o segredo absoluto da vida e da morte. Agora o sono embarca... E levou o barco embora.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

À beira

Às vezes a solidão é tão penetrante que é como se você sentisse que o frio está tão entranhado na sua alma, que jamais, nunca mais!, conseguirá aquecer o jardim dos desesperos. Mas logo o vento passa e vira a página e leva para longe o que há de mais perto possível. O perto disfarça tão bem a sua distância...

A margem vista daqui parece tão extensa, mas tão extensa que meus olhos se perdem em suas curvas sinuosas, que mais parecem o meu estado de espírito. Elas somem e reaparecem fulgurantes. A água é límpida. Curioso. Fiquei bem curioso porque aquilo parecia um sonho que eu tive por esses dias aí... Não lembrava tão claramente, mas ele estava ali na frente. Tinha se materializado. Era impressionante...

Ainda bem que ainda conseguia me surpreender. É que eu já não lembrava de como é bom lembrar. De como é bom ser sincero, ouvir vozes cortantes, sentir o sol bater na janela pela manhã, sentir a brisa uivar pelas frestas da janela...

Pelas frestas da minha janela passam tantas brisas, mas poucas permanecem. Assim, os porquês ficam cada vez mais indecifráveis...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sei não...

Não sei. Sei não... É difícil. Mas quem foi que disse que seria fácil?

Pareço intransponível até para mim mesmo, principalmente quando me olho no espelho...

As lágrimas podem descer, mas...

Enfim.

Fim.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Onomatopéias dançantes

Não foi bem esta palavra que eu havia pensado ontem à noite, mas foi a que me veio à cabeça agora. Fazer o quê? A memória é um fio que vai se encurtando a cada dia. O movimento do corpo e das ideias é necessário para a evolução de uma dimensão totalmente nova. É preciso experimentar. É preciso balançar. Não há salvação se não balançar. Ha-ha!

Os encontros acontecem diariamente. Mesmo que não sejam físicos, eles estão aí, a nos pregar peças e mais peças. E rever os velhos conceitos que enfiamos na bagagem desapercebidamente. Observar sinceramente é o segredo para não ter calos na mente. Outro dia deu uma travada, lá mesmo no meio da mente, e eu pensei que fosse um calo. Mas não era. Ufa! Ela só queria dormir porque estava exausta depois de sucessivas viagens pela crosta terrestre.

Mas então... as onomatopéias. Você já brincou de onomatopéias? Brinque! É tão lúdico que você nunca mais vai querer brincar de outra coisa. E eu falo sério, apesar de estar rindo aqui lembrando daqueles momentos... Bem, mas faz tempo que não brinco de onomatopéias dançantes. Alguém se candidata a balançar para lá e para cá no ritmo das lindíssimas onomatopéias (nome bonito e pomposo, não acha?)?

domingo, 7 de junho de 2009

Sorriso da lua

À espera de alguém que me revele São Jorge e seu dragão, antigos habitantes da lua. Você sabe distinguir o desenho lendário? Nunca consegui... Eu também gostaria de imaginar outros traços e outras figuras. Será que posso? A lua está lá deslumbrante, não está? Então eu posso!

Como num estalo percebi que o sorriso precisa ficar estampado mais vezes em meu rosto. Não que tenha que rir de tudo, mas rir um pouco mais não matará ninguém. Pelo contrário, talvez até ressuscite.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Acordes serenos

A flor da pele está na pele. Tudo no seu devido lugar. Se bem que a memória falha uma ou outra vez. Às vezes são muitas vezes mesmo. Mas o que fazer? Viver é esquecer. Esperança começa a bater tão velozmente quanto o coração em disparada. Sim, ele disparou e anunciou que ia durar o tanto que desse e pudesse. E que a felicidade estaria nele mesmo quando ela estivesse passeando por outras paragens. A sensação do novo nem sempre é tão nova assim. O novo é tão subjetivo que eu acabei de criar o novo e ninguém viu. Ninguém percebeu porque para aquele ninguém o meu novo era velho demais para os seus padrões, que, por sua vez, são tão antigos quanto o próprio mundo. E as outras galáxias? Você está sozinho aí de onde lê isso? É bem provável que não. E é quase certo que não. E os extraterrestres conseguem me ouvir e ver? Vai saber... é melhor não duvidar. Apesar de cético, resolveu que era melhor não duvidar do desconhecido. Este mesmo desconhecido que nos causa tanto espanto e nos coloca num patamar que nunca imaginamos habitar. A mesmice talvez faça isso mesmo com as pessoas. Elas ficam tão habituadas em suas habitações consideradas normais, que esquecem de ir habitar este mundão aí afora... Ah, mundão, espere aí que eu te alcanço. Se não hoje, amanhã com toda certeza que eu consegui colocar aqui na bolsa...

No sinal de trânsito

Penso e me levo para longe daí. Peno e me distancio cada vez mais de mim. Permaneço e mesmo assim consigo voar por entre as nuvens mais densas. Perco mas não consigo entregar os pontos. A saudade de alguns lábios não me fazem sentir dor, apenas esperança de que muitos outros deles voltarão a mim, não os mesmos, mas outros totalmente distintos e tão carinhosos e suculentos quanto aqueles. E novamente me pego pelas mãos e me bifurco por entre os caminhos congestionados, por entre os desabafos e as dolorosas cicatrizes que encontro pelas veredas. Não sei definir ao certo o que faço, só sei que faço. Pergunte à sua mente doida (se ela também o for) e verá que não há resultado, que a (in)sanidade não é como uma conta de subtração ou adição, ou ainda de multiplicação (divisão é mais difícil né?). Mas às vezes sinto a necessidade de escrever e viver sem pontos e vírgulas. Isso não é novo, eu sei, mas o que importa é sentir, mesmo que seja parodiando outras vidas e outros rumores. Estes me lembram sussurros que ouvia durante os sonhos mais angelicais, naquela época de pequenino adorável e horizontes fartos para serem digeridos. Então quando falta a atenção, ou as engrenagens da imaginação travam, eu continuo a permanecer, mas acredite: nunca estou parado. Nem ao menos no sinal de trânsito.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pensamentos involuntários

Crises existencialistas. Turbulências emocionais. Desequilíbrios insanos. Dias mal vividos. Tempestades que se anunciam no horizonte... 

Ele se perguntava por que corria atrás de tanta coisa, atirava para todos os lados, suava todos os dias de sua vida para alcançar sonhos que talvez nem fossem seus, para no fim dar de cara com o nada, com a única certeza da vida: a morte. O sentido ele ainda procurava, mas tinha certeza que não encontraria em nenhuma esquina daquela cidade, mas dentro de si próprio. Ainda bem que ele descobriu isso a tempo... 

Ainda bem. 

terça-feira, 2 de junho de 2009

Pé gelado

Depois da freada brusca, a querida magrela se estatelou no chão, e seu dono teve o mesmo destino. Ou foi o contrário? Acho que eles se estatelaram ao mesmo tempo, intimamente. Porque até nisso eles são camaradas até o fim. Só lamentaram a destreza das pessoas em serem imprudentes, atravessando as ruas como se fossem apenas delas. Esquecem - e erram feio ao esquecer - que a rua é habitada por tantos objetos e é tão congestionada quanto uma feira livre.

- Ai, meu pé está tão gelado que quase não consigo andar.
- O vento está batendo forte. Ele realmente está forte hoje.
- Frio é uó, disse a outra.
- E essas mãos? Você as colocou na geladeira?
- E esse coração?
- O que é que tem?
- Também está gelado. Estou sentindo daqui...
- E essa música doida?
- O que é que tem?
- É bem doida. Você tem cada uma...
- É?
- Pois é.
- Então venha dançar coladinho...
- Agora?
- É, você está morrendo de frio aí, está até tilintando os dentes.
- Então venha... Vamos bailar.