Depois da freada brusca, a querida magrela se estatelou no chão, e seu dono teve o mesmo destino. Ou foi o contrário? Acho que eles se estatelaram ao mesmo tempo, intimamente. Porque até nisso eles são camaradas até o fim. Só lamentaram a destreza das pessoas em serem imprudentes, atravessando as ruas como se fossem apenas delas. Esquecem - e erram feio ao esquecer - que a rua é habitada por tantos objetos e é tão congestionada quanto uma feira livre.
- Ai, meu pé está tão gelado que quase não consigo andar.
- O vento está batendo forte. Ele realmente está forte hoje.
- Frio é uó, disse a outra.
- E essas mãos? Você as colocou na geladeira?
- E esse coração?
- O que é que tem?
- Também está gelado. Estou sentindo daqui...
- E essa música doida?
- O que é que tem?
- É bem doida. Você tem cada uma...
- É?
- Pois é.
- Então venha dançar coladinho...
- Agora?
- É, você está morrendo de frio aí, está até tilintando os dentes.
- Então venha... Vamos bailar.
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