sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Lar para uma criança
Um turbilhão de pássaros com asas frenéticas invade o imaginário destas mãos sôfregas e sedentas por escritos e mais escritos. A movimentação costeira, com suas ondas gigantes, me leva para o universo onde sempre pretendi estar. Sentir o cheiro da relva molhada. Viver as aventuras daqueles livros que lia quando ainda estava na escola. Tudo isso me toma de assalto, mostrando que hoje é o dia para olhar para dentro do eu desconjuntado e regenerado a cada piscar de um ou outro par de olhos esbugalhados diante do mistério do nascer do dia e do clarear da lua. Um novo lar foi dado àquela criança. Será que ela vai se adaptar? Quanto tempo ficará por ali? Os pais - se realmente a amam - vão continuar a visitá-la? Ou vão esquecê-la à sua própria sorte? Será que eles não entendem que talvez ela precisasse só de uma dose maior de amor? Que talvez ela precisasse de um tratamento intensivo de carinho e cuidado? Ela também já tem suas responsabilidades, mas ainda é uma criança que está se tornando uma mocinha. Que está se dando conta, aos poucos, que a infância está ficando para trás e que nunca mais retornará. Será que não conseguem entender? É tão claro como a água do rio em dia de chuva fininha. Torço para que ela fique bem. Para que ela consiga encontrar um aconchego melhor do que tinha, mesmo com todas as regras e obstáculos que terá de enfrentar. Torço também para que seja um aprendizado mútuo e que o sofrimento se amenize no coração daquela mulher que um dia sonhou construir uma família feliz para sempre. Enquanto isso, continuo a ouvir os pássaros cantarem lá fora. Hoje eles estão demais! É tão estranho - mas ao mesmo tempo recompensador - ouví-los enquanto o mundo se agita lá fora na correria por mais um pão de cada dia. É tão cruel todo esse esquema. Eu só queria prestar atenção em coisas que ninguém - ou quase ninguém - bota reparo. Eu só queria olhar... e refletir sobre o mundo. Tarefa nem um pouco fácil. Mas quem foi que disse que seria fácil? Eu prefiro os desafios! Cheios de desejos e crenças inalienáveis.
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