quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Arquivado sem aviso

O rato correu velozmente com toda a sua desfaçatez pelos córregos e becos. Ele tinha uma arma na mão. Eu corria atrás dele. Tentava espremê-lo com um cabo de vassoura. Mas era pouco para toda a sua maldade personificada naqueles enormes olhos vermelhos de sangue odioso. Um corpo estava estirado logo atrás, com dois tiros que perfuraram a sua vida. Ele foi levado para o inexistente, para o nada. O dinheiro roubado não terá outra serventia que não o da degradação perene daquele corpo que empunhou a arma e atirou a queima-roupa. Quanto vale a sua vida? Quanto vale a minha vida? Quanto vale míseros trocados pelos quais lutamos um mês inteiro, passando por situações humilhantes, vivendo uma escravidão mascarada e imunda? Há momentos que você sente vergonha de ser humano e compartilhar desse carma com o outro, que tem coragem (coragem não, covardia) de fazer o que fez. A polícia só fez a cena, só fez o seu papel: nada! Um helicóptero sobrevoou a região. E nada. Só cena. Só choro. Só vela. Quando isso irá mudar? Conseguiram reanimar aquele corpo estirado ali no chão de concreto em plena luz do dia. Mas até quando? Ele foi reanimado, mas já não estava mais vivo. Decidiram por ele que era a hora de partir...

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