terça-feira, 11 de agosto de 2009
Escute, depois diga
Tenho tanto a dizer. Você consegue perceber? Não, às vezes você não consegue. Você fala, fala, fala e esquece que eu ainda tenho muito a dizer. E preciso dizer rápido. Ponderadamente, é claro, mas rápido. O tempo é curto. A passagem é estreita e veloz como o vento. Não sei até quando terei ouvidos. Não sei até quando terei bocas. Só sei que terei amigos que andam sempre comigo e me olham no fundo dos olhos, sem piscar, sem desviar a atenção, sem pestanejar. Para todos esses eu só tenho uma coisa a dizer: venero vocês. Não se considere privilegiado por isso. Sabe por quê? Porque eu sou eu e ninguém mais. Nem mais, nem menos, nem igual. Eu sou o inesperado que esqueceu de acontecer. O instante que já passou. O vagalume que pisca frenético em busca da sua luz mais ofuscante. A compreensão que não busca mais ser compreendida nem aceita, apenas respeitada. Me ouça. Reserve seus ouvidos ao menos uma vez para mim. Você vai sentir, lá no fundo, tão contundente quanto a lança afiada que percorre as veias em noites de euforia alcóolica, que eu estou aqui e tenho uma voz que clama por atenção. Talvez eu não consiga. Talvez você não consiga. Mas o que faz de cada um de nós diferentes é a vontade de se tornar um outro dentro de nós mesmos. Nos metamorfosear diversas vezes durante minutos fugazes. Sentir a brevidade da vida. Sinta isso de uma vez por todas, agora! Me ouça. Ao menos uma vez na vida... Ela é curta. Ela é finita. Mas o meu eu ainda continuará vagando por aí por anos a fio, sem descanço, porque eu não sou daqui, nem daí. Sou apenas de mim mesmo e nada mais.
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