A Natureza chora de dor e eu de raiva de mim mesmo, por não fazer nada, por só contemplar. Admirar o que ainda resta. O pouco que resta. Um pôr-do-sol lá longe numa terra perdida. Um luar não muito longe de casa, entre os prédios da cidade. Uma chuvinha fina e barulhenta diante dos passos apressados dos moradores da grande pedra esculpida tão desordenadamente. Mas eu choro e me emociono ainda. A sensibilidade transborda até o topo do copo, ou melhor, do corpo, da mente e da existência.
Não canso de cansar de pensar e repisar na idéia de que o mundo caminha para a frente e para trás ao mesmo tempo. Será que ele não sai do lugar? Será que é coisa da nossa cabeça? Mas que cabeça, meu filho? Nós já a perdemos faz tempo. E o tempo machucou a boca daqueles que um dia duvidaram do esforço diário de manter-se acordado diante dos pileques e escorregões nas cascas de banana, que o povo [ah, sempre o povo, e eu também] jogou ali no meio da rua. Bueiro entupiu e o rato não escapuliu.
Mas outros ratos conseguiram escapulir e continuam a desmantelar tudo o que vêem pela frente. A gana de ganhar e gabaritar cada vez mais espaços deixou o homem burro diante de toda a sua inteligência, muitas vezes malignamente displicente.
Só comigo vai ficar pra sempre a noção de que nada pode ser tão complexo e belo quanto o tudo que habita nos poros dos corpos andantes e vacilantes por esta selva de ninguém.
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