domingo, 12 de julho de 2009

Final sem ponto

Que alegria desenfreada! Mal aguento as borboletas batendo suas imensas asas aqui entre as tripas de meu estômago. Tornando físico o que comungo com minhas próprias palavras, consigo permanecer suspenso nas invisíveis redes do pensamento, instransferivelmente imutável. Ouço sonzinhos de videogame. As lembranças da infância passam pela porteira arrebentando tudo o que encontra pela frente. Alma suspensa e pensamento lá adiante... Sei lá. Uma sensação boa, de borboletas no estômago - já escrevi isso, não? -, e vontade de derramar lágrimas de alegria. É tudo tão contundente, que eu mal sinto minha mente latejar. Será isto poesia? Isto pode ser chamado de poesia? Estas mal traçadas linhas? São só rabiscos, ou não passam de rascunhos sem cor nem teor. Um ponto sem final. Um final sem ponto. É isto a vida. Ou o que eu penso a respeito dela. Estou caminhando na linha tênue da sua consciência pesada. Na minha, eu surfo para lá e para cá, desafiando a lei da gravidade nesta corda bamba. Queria aprender a empinar pipa, pensou ele. Será que é tarde? Será que há tempo? As pessoas não fazem ideia do mistério de despertar em todas as manhãs. O peso do dia é maior do que todos os raios de sol juntos, mesmo os mais nocivos. Todas as noites injeto um veneno nas camadas mais profundas, sensíveis e suscetíveis à mudança dos meus [i]limitados sentimentos. Viver é conviver com as limitações, mas também transpor os muros mais abismais e incrivelmente parecidos com fortalezas dos filmes de ficção. O que faço é poexistência. Está decidido. Penso nisso vez ou outra. É tudo transcrição das sensações dispostas aleatoriamente nas horas aceleradas impostas pelo nosso próprio corpo, educado de forma vil e cruel em tempos vis e cruéis. Me deixa escrever! Me deixa! Me deixa, porque eu fiz uma importantíssima descoberta. É sério. Seríssimo: faço da vida um ponto sem final e um final sem ponto. [Assinado: o autor, imerso na ponte fictícia chamada diariamente de realidade. Só que essa tal aí foi criada agora há pouco. Amanhã ela já não vai mais existir. Não mais. Amanhã, e também depois de amanhã, eu penso que poderei criar outra.]

Que felicidade estapafúrdia!

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