quinta-feira, 12 de março de 2009

A moça apaixonada

A moça estava lá. Apaixonada. Ria sozinha. Se entretinha sozinha. Se exaltava sozinha. Sentada ali, exultava de alegria. E eu tentando imaginar de onde viria tanta felicidade. Ela também ouvia música. Será que era a música que a deixava daquele jeito? Depende da música, é claro. E eu imaginando como era bom aquilo. Não sabia se ela estava realmente apaixonada, mas me fez lembrar como é bom sentir isso. Me fez lembrar porque faz muito tempo que não pego uma rosa na mão. Que não enlouqueço o arco-íris dentro de mim mesmo. Dentro de ti. Dentro do universo. Mas me deixou feliz vê-la daquela forma sabia? Ela parecia não conter dentro de si de tanta felicidade. E eu pobre mortal imaginando a próxima vez que me sentiria daquela forma. As pessoas me emocionam. Olhar seus atos me emociona. Olhar seus olhares me emociona. Olhar seus gestos me emociona. Suas escolhas. Seus erros. Seus acertos. Suas memórias. Suas expectativas. Na rodoviária do Tietê me sinto eu, me sinto só, me sinto pertencente a um mundo que nem sempre é meu, me sinto presente, me sinto igual, me sinto só. Somente compartilhando aquele momento único de olhar e ver que aquilo não passa da essência da vida impregnada de mais vida ainda que implora cada vez mais pela vida que explana daqui e dali e não se cansa de regurgitar diante dos meus pés. A vida. Taí, a vida me transtorna de tal forma que começo a ouvir a chuva lá fora. Houve chuva. Há chuva. Em mim. É passageiro. Um relâmpago na minha vida efêmera.

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