quarta-feira, 4 de março de 2009

Passageiro

Ele olhava pela janela... e pensava:
- Quanto tempo será que vou viver?
- Quanto tempo resta para ser feliz?
- O que é o tempo?
- Aquela florzinha ali vai durar até quando?
- E aquela árvore?
- E você?
- Todos correm lá fora.
- Minha mente corre.
- A sua corre?
- Em qual velocidade?
- O mundo é só mundo depois que foi desmundado de si mesmo.
- Que pensamento louco!
- Mas ser louco é tão saudável.
- Mas se você fosse louco não ficaria espalhando aos quatro ventos...
- Mas é só olhar para mim...
- Sinta esta sensibilidade exaltada aqui em minha veia.
- E em meus dedos, que não se submetem ao sono.
- Eles transitam por aí sem parar. Sem cansar.
- Assim como a mente. Que povoa tantos lugares, que nem percebemos quando isso acontece.
- Mas o que são os acontecimentos?
- É quando a gente nasce.
- Estreia?
- Também.
- Nasce e estreia.
- Mas isso é bem gay, não?
- Não. Lá na minha terra, a gente costuma dizer que simplesmente estreamos.
- Vocês?
- Sim. Somos um povo sensacional.
- Que legal. Quero conhecer este lugar.
- Então me conheça primeiro.

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