Eu vou aparecer. Aqueles que destemidamente diziam o contrário, vão assistir à apoteose da minha aparição. Vai ser fenomenal. Mas em qualquer outro dia desses vai perceber que já apareceu e já se foi esconder novamente, com medo de voltar aos holofotes, que insistem a ofuscar sua falta de vontade de se mover do mesmo lugar onde está invariavelmente consumida há anos. Consome-se e consome-se, sem perceber que não faz absolutamente nada para se libertar, apenas se satisfaz com discursos programados em falas vazias.
Como surgem as ingenuidades, o ato de auto-sonhar? Não sei, não pergunte a mim. Não sou mais eu quem escreve, não, não. Não se confunda, por favor. Saiba separar as coisas, aquela velha e carcomida história do joio do trigo. Palavras e alegorias que nunca fizeram muito sentido para mim. Mas joio é bonito, é fascinante, é tentador. Prefiro o joio, e você? Ha-ha. Quando ele se depara com coisas insistentemente inovadoras, se assusta e não aceita mais o indizível, apenas aquilo que pode se definir, nomear, significar.
Uma alusão foi feita sobre sua forma de andar, mas ela não se importou e continuou a caminhar da maneira mais desabrida possível. Que desfaçatez, diziam uns. Que pouca vergonha, condenavam outros. Mas o quanto é deliciosa, enchiam a boca para falar outros um tanto libidinosos, libertinos e também hipocondríacos. Porém, ela continuava a andar e desandar com suas ancas para lá e para lá, vivenciando aquilo que era uma experiência única e transformadora para ela. Também para eles. Pobres alienados e presos à estupidez, num grau que só os humanos conseguem alcançar. E isso nem é tão difícil viu? ‘Vigie, pois Deus está para descer dos céus’, diria aquela mocinha tão jovem ali com aquele livro empunhado como se fosse uma arma voltada para os penosos pecadores. Ó, pobre de nós.
O sorriso disfarçado de inteligência ainda não assumiu a postura que se esperava dele, que estava no roteiro do livro da vida. Mas que roteiro padrão! Não quero, rasgo metade do seu script e junto uma parte com uma das minhas, e dessa forma crio e acrescento emoções num caldeirão fervente de digitais delineadas nas linhas por onde passamos. Salve a linha não-contínua e tortuosa! Eu a quero toda pra mim, só neste momento. Agora.
Mas você pode perguntar àquela pessoa ali do outro lado do riacho: mas que diabos fazes aí que não a compreendo muito bem, não consigo juntar os pensamentos numa só idéia, num mesmo entendimento, numa espécie de linearidade; não entendo. Chega! Mas e daí que não entende, para quê entender? Quem foi que disse que você foi feito para entender alguma coisa? Este é apenas um mundo virtual, de magníficas realidades entrecortadas nos fios e teias misteriosamente descompassados.
Incessante e sem muros que detenham o processo de ebulição interior. Amanhã eu vou entregar e aparecer. Aguarde notícias.
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