Anúncio: reunião em família. Corram porque isto é inédito! Êba, final incrível esperada desregulada alegremente. Abaixo a cabeça e penso que estes momentos poderiam ser mais freqüentes, não fosse a escravização que nos relega o papel de coadjuvantes na vida um do outro. Dorme quando sai. Acorda quando durmo. Espreguiça para só descansar e esperar pelo dia da reunião. Quem ainda não conseguiu fazer isso neste ano, calma, o Natal já está aí. Não se apoquente, é depois de amanhã.
Privilegiando certas coisas e dizendo para tudo o que há de menos sagrado que a beleza está nas coisas que não podemos tocar, quantificar, esquematizar, planejar, levar para onde se pode explodir num canto sujo de graus variados e inflamáveis. Dormi de óculos outro dia. “Você sabia que 6 e meia da manhã vi que você dormia de óculos, você passou a noite inteirinha de óculos!”. Eu pensei que seria melhor assim, pois, assim de novo, eu veria com mais clareza aquilo que se esconde por trás da minha consciência. Sempre tento, mas ainda não deu certo.
Um dia dá. Enquanto isso, espero. Aguardei a campainha tocar, mas não foi o toque que eu previra naquele sonho exaltado que tive na noite passada, quando um homem mascarado e cheio de mistérios batia à minha porta com delicadeza e virilidade ao mesmo tempo, mas quanto mais me aproximava mais ele se distanciava. Um sinal, um indício que percebi no vulto envolto em névoa foi uma mancha de um vermelho intenso que borrava a boca de sua máscara e se estendia até a barra de sua bata. Minha nossa, era um seminarista. Pecador! Infame e endiabrado. Dizem que a escadaria o espera de joelhos, mas eu duvido que isso possa ocorrer. Acho apenas curioso e aguça minha estranha entranha embutida na minha vaidade.
Mas será que existiu mesmo aquela reunião em volta da mesa? Era uma mesa? Havia comida? Ou aflições? Ou uma sopa de olhares? Ou de carinhos? Uma salada de expectativas para a próxima vida ou vinda da iluminação que antes não havia ali? A água foi lançada ao fogo e não conseguiu resistir à potencialidade da força intrínseca às labaredas que subiam até o mais alto dos cumes mutilados nas estrofes das esquerdas maravilhas e arbustos disfarçados de humano.
Um ano se passou e o mês passado ainda vive no imaginário daquelas pessoas que se uniram num único desejo e sentimento: fazer acreditar na pedrinha não-preciosa energética imaculada virgem poderosa Maria. Animando a libido escrachada nas expressões renovadas de monossílabas preenchidas de silêncio. O sal de frutas estava em cima da mesa e não se dissolveu e a reunião desabou como um escorregão na casca da banana. Outra circunstância.
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