Fui assaltado. Calma, calma. Nada grave do ponto de vista físico. Fui assaltado pela minha memória, que vez ou outra costuma funcionar. E lembra de coisas que julgava já esquecidas por séculos. Sim, porque o sistema de contagem aqui é outro, indecifrável por você, mas totalmente claro para mim. É bem possível que eu já tenha vivido dez séculos ininterruptos. Claro que são ininterruptos né, ou você acha que terá chance de ir e voltar quando bem entender? Ah, vai saber... Essa vida é tão louca que eu não me arrisco a construir paradigmas absolutos.
Mas então, tenho certeza absoluta que lembrei de tudo aquilo. De detalhes. De toques. De cheiros. De olhares. De bocas. E de outras tantas enumerações que podia passar o dia inteiro aqui só para falar de cada uma e de todas. De todas as emoções sentidas olhando para as janelas dos apartamentos daquele prédio diferente e simplório, incrustado no meio dos ares culturais da cidade. Parece que faz tanto tempo já. Como está? Com quem está? Está vivo? Está trabalhando? Está amando? Está vivendo? Está respirando? Eu estou, então provavelmente deve estar também. É a lei da vida. Ou vive ou vive, enquanto há vida, obviamente.
No entanto, a lembrança não vem acompanhada de lamento. Foi o melhor que fiz. Que fizemos. Que desabafamos. A separação é o pulo para o crescimento (mas que papo de divorciado é esse? Você nunca se casou!). Enfim, dê o pulo antes que o pulo se dê por conta própria.
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