quinta-feira, 7 de maio de 2009

Risco de vida

É tão estranho quando se houve algo do tipo: "fulano está correndo risco de vida". Mas o risco de viver já não nos é intrínseco desde a hora que a luz do mundo vem à tona (ou seria a luz dos olhos, das janelas da alma?)? Então, não seja descuidado ao usar esta expressão. É feio, mocinho. O melhor é dizer "risco de morte". Este sim é tenebroso, cruel, abominável, mas é mais real do que a própria vida. Mas isso é papo de quem está à beira de cortar os pulsos e jogá-los pela janela do décimo terceiro andar. Pare com isso. Já!

Mas digo e torno a dizer: sai pra lá, não se achegue nem se aconchegue muito perto. Perigo de contaminação. Perigo de enlouquecer. Perigo de não viver. Perigo de deixar para trás tudo o que se viveu. Perigo para as importâncias tão desimportantes. Perigo para o carinho que nunca recebeu. Perigo para o amigo fraterno e terno. Perigo para a família e sua base maculada de mundanos sacrilégios. Perigo para as vaias que advêm de todos os cantos. Perigo para o humor que anda tão mal-humorado. Perigo para a esperança desesperançosa. Perigo para a inspiração, que torna e retorna para o sopro da vida.

Da vida. Não da morte. Porque a morte não tem sopro. Apenas silêncio.

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