domingo, 24 de maio de 2009
Máscaras no metrô
O frio friorento. A neblina densa. A serra sem árvores. O despenhadeiro sem fundo. O mar sem Iemanjá. A vida sem música. A tristeza sem motivo. O motivo de andar pelas ruas da cidade, ensandecido e disforme, não se explica por si só, nem de qualquer outra forma. Os rostos no metrô também não conseguem responder aos questionamentos daquela pequena criança em crise. Criança em crise? Os tempos mudaram mesmo, não é? Pois então, ela estava em crise. E tinha apenas oito anos. Tinha acabado de completar. Não ganhara presente. Era muito simples. Era tão modestamente simples que não gostava nem de pensar em ser rica algum dia. Na chaminé dos seus sonhos não via escapatória para um mundo melhor. Pensava que mais cedo ou mais cedo se tornaria mais um objeto nas mãos daquela sociedade que não a compreendia. Falo dela, mas também falo de ti. Num dia ainda distante você irá me dar razão. Quando faltar a água de beber e a água de abençoar. Não haverá... Não haverá... Fugiu. Ficou. Errou. Não aprendeu. Afinal de contas, não haverá... Só haverá. Só haverá choro e velas. E deserto. Os corações ficarão desertos de sangue e de ar... O ar faltará. Não haverá. O céu finalmente revelará a ilusão que sempre personificou... O céu. E Deus. Não haverá...
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