quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

As crianças

A criança, enluarada e hipnotizada pelo belo satélite que ainda não estava cheio de si, fez uma pergunta qualquer e provocou a projeção de um filme na cabeça. Na minha cabeça. Nomeei aquilo de nostalgia de algo que ainda não chegou, ou que já passou há muito tempo, quando a consciência ainda não havia sido formada. O agogô e seu som metálico me surpreendeu de uma vez por todas, e me laçou no seu som envolvente e suingado. A música está em mim, assim como eu estou naquele pequeno objeto tão belo.

Mas a criança, agora outra, corria pela rua. Outras duas tomavam banho de mangueira. Ah, mais nostalgia. Imediatamente fui invadido por uma lembrança de uma fotografia, na qual o sorriso era tão gigante que quase tomava todo o enquadramento. Soma de passado e presente, é tão difícil dizer isso, mas é fato: o futuro não existe, pois ele é o presente que a gente mesmo se dá de presente.

Qual seu maior sonho? Todos são maiores e transbordam de mim como aquele rio sujo em dia de chuva na cidade grande, deteriorada pela ação vil e infame daquele e daquele outro homem. E daquela mulher também.

Frases soltas muitas vezes representam mais o mundo do que um simples sussurrar avantajado na sua vontade de segredar os principais detalhes da obra de arte exposta na rua, na frente de sua casa, no seu nariz ultrajante e arrebitado, que não vê senão seu próprio umbigo, contraditoriamente.

As borboletas voaram para longe. Eram de todas as cores, formatos e sonhos.

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