Ao lado da garrafa de cerveja havia apenas um vazio. Um lugar vago que nunca antes foi ocupado. Então, como é que podia estar vago? O vazio só existe depois que um espaço foi preenchido por algo palpável ou não. Mas o fato é que ele queria dialogar com este vazio. Talvez assim a solidão fosse amainando aos poucos.
Você gosta de dançar? Sim. Você dança bem? Depende do ritmo. Do ritmo da vida? Não, dos acordes do violão mesmo. Mas se não tiver violão? Que seja de qualquer instrumento. Qual você prefere? A rabeca. O que é isso? Uma espécie de violino brasileiro. Bacana. É sim, bem bacana. Você sabe tocar? Não, mas ainda vou aprender. Quando? Em breve. Em breve quando? Quando eu construir uma e sair por aí tocando. Nossa, construir uma? Sim, construir uma nem custa tão caro assim. Como seria a vida sem música? Não haveria vida. Será? Tenho certeza, acredite nisso. Mas eu sou tão cético. Mas em algo você acredita, não? É, talvez. Tá vendo como você já começa a distinguir os contornos? Do quê? Do mundo. Que mundo? Do nosso, ora bolas. Nosso quem, cara pálida? Cara pálida não, eu sou negão. Me desculpe. Tá desculpado. O mundo é negro, sabia? Quem disse? Eu tô dizendo, acredite homem! A lua está tão linda. É verdade! O que deve estar acontecendo lá? Orgasmos múltiplos, é claro. Hã? Sim, o gozo de lá deve ser pleno para haver tanta beleza assim. E essas modelos magrelas ainda pensam que são belas, né? Mas o que é a beleza, meu caro? Não sei, só sei que é a melhor forma de ver o mundo: através das ínfimas belezas escondidas no óbvio ignorado por todos.
Ah, o óbvio.
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