sábado, 3 de janeiro de 2009

Futebol

Ele nunca tinha sido muito bom de futebol, mas se esforçava lá do alto de sua pequena estatura. Era uma braveza só, mas nem sempre a vontade vence jogo né? Mas ele viu, à medida que o tempo passava, que ele não tinha o menor jeito para a coisa, que apenas jogava uma peladinha aqui ou ali para se incluir em um grupo, para fazer parte de algo. Mas antes de perceber isso, participou uma vez de um campeonato em sua escola. Devia estar no ensino fundamental ainda e tinha que comer muito arroz e feijão para conseguir vencer os melhores das outras turmas. Mas mesmo assim, ele montou um time-mirim junto com os colegas que jogavam mais ou menos também [tinha um ou outro que até jogava bem, viu]. Mas foi legal aquela fase. Ele sentiu o friozinho na barriga ao ver as arquibancadas lotadas na pequena quadra ao fundo da escola. O uniforme era improvisado, emprestado, sei lá o quê. Sei apenas que pairou a dúvida no ar: era melhor assistir ou atuar? Preferiu a segunda opção e foi lá tentar a sorte. Sim, porque precisavam de muita sorte para não levar uma lavada do outro time, que parecia mais experiente. O menino zagueiro tentou de tudo, mas não conseguia impedir que a bola chegasse até o goleiro, e em seguida até o fundo das redes. Um, dois, três, quatro... É melhor ter paciência. Foi um jogo rápido e fulminante. O resultado final foi algo em torno de 11 a 3. Pelo menos fizeram alguns golzinhos de honra.

Naquela época ele percebeu que sua força não estava nas pernas nem nos dribles e começou a tomar o seu rumo. O duro rumo da estrada tortuosa e cheia de calos e dúvidas. A estrada ainda é tortuosa, mas muitos calos já ficaram para trás. E não voltam mais. Não mais, não.

Nenhum comentário: