segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O menino e a pipa

Uma senhora desesperada. Nos seus olhos havia muita aflição. Tomara que o verbo esteja agora no passado. Tomara que tenha passado. É preciso reparar mais nos olhos daqueles, daquelas e daqueles outros ali.

Um menino brincava com sua pipa no meio da rua. O brinquedo era quase maior do que ele e o sorriso se expandia por seu rosto. A sua pele negra constrastava com aquele sol intenso de fim de tarde. Outro garoto, maior que ele, também brincava, pouco se importando com os anos e o tempo, e a idade.

Dois outros deles chamaram a atenção muito antes da imagem da pipa e do menino. Eram dois filhos e irmãos. Pelo menos é o que pareciam. Espiavam do portão, com muita cautela, como se escondessem de algo. Mas era realmente plausível que estivessem se escondendo de alguém, não de algo. Eles analisavam atentamente até que farejassem o melhor momento para a escapulida.

A rua é sempre uma fonte inesgotável de histórias e memórias.

Uma senhora que estava sentada na calçada batendo papo com as amigas olhou com atenção para a mocinha que passava na rua com um short curtíssimo, daqueles que os homens vêem até o útero. A expressão da mulher foi de surpresa e também de saudade. Eu fiquei imaginando se na época dela era possível, ou sequer imaginável, tal transgressão.

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