sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Singular

Sou único, porém influenciado por uma série de pessoas fora de série, das quais me alimento como se fosse um ser antropofágico, mas que não precisa de carne, apenas de palavras e carinhos para sustentar-se dos pés à cabeça desregulada e pronta para devanear por essas florestas adentro que parecem um mar sem fim, de respiração inspirada na calmaria mais plena de nossas vírgulas e pontos finais.

Observei a montanha ao longe cheia de nuves. Parecia que lá caía uma fina garoa. De repente, bateu um cheiro de protetor solar e logo uma avalanche de pensamentos foi desencadeada aqui. A vista da pousada não era lá tão boa, mas era possível ouvir o barulho do mar e imaginar os barquinhos velejando ao longe. A gruta ficou marcada na memória para sempre. O bom atrevimento de correr riscos e não ligar para quem pudesse julgar aquela relação de modo contrário ao nosso. A reunião em volta da mesa e os sorrisos exultantes, a falta de luz, o abraço aconchegante, os barulhos, os cheiros, os olhares, o clima. O amor.

Nostalgicamente ele deparou [mas não parou] com lembranças vindas naturalmente de recantos importantes e guardados especialmente. Instantes que fazem ele perceber que a vida não está sendo desperdiçada, que o dinheiro é apenas papel e vale muito sim, mas muito pouco se comparado ao preço que se paga para viver, um preço subjetivamente inquestionável.

A oferenda que ainda não quer voltar para os braços do mar é como a ponte iluminada por um sentimento áureo e fugaz.

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