Meus devaneios servem para quê? Para mim ou para os outros? Desconfio, sem dúvida nenhuma, que seja apenas para mim. Talvez por isso eu queira que esse cantinho aqui seja só meu e de mais ninguém. Mas não posso ser egoísta com minhas próprias palavras. Se elas têm vida própria e saem de mim mesmo contra a minha vontade, quem sou eu para aprisioná-las em um espaço tão pequeno como este? Pequeno e grande, ao mesmo tempo. Grande porque é nele que as palavras são paridas e ganham vida.
Psicólogo. Há um tempo já ando pensando em fazer uma consulta ao psicólogo. Até aí tudo bem. Já pensei em ir numa cartomante ou algo do tipo e até hoje não fui. Ainda irei. Mas fiquei imaginando: “O que eu iria falar para o psicólogo?”. “Oi, eu vim aqui para entender um pouco a minha insanidade”. E a minha loucura logo grita: “Mas para quê quer me entender, se eu sou tão incompreensível quanto a chama do fogo?”. E você acha que eu posso com ela? Mas ainda assim eu gostaria de debater com os meus saudáveis distúrbios, que alimentam diariamente a minha alma incansável e acalentada por amores de todos os tipos.
Rejubilo-me. Que expressão estranha! Não encontrei outra que nomeasse o que senti e sinto. Não gosto muito porque me lembra algo de religioso, coisa velha e passada e repassada. Mas não queria falar sobre isso. São apenas subterfúgios da minha mente melindrosa. Ela está em êxtase e divaga para lá e para cá. Mas é preciso ressaltar: ela está em êxtase puro e natural.
De mãos dadas no caminho da escola. Sim, nós íamos de mãos dadas para a escola. Imagina! O pequeno bairro, para nós, era a cidade grande, era São Paulo, era a cidade das grandes realizações. Morríamos de medo de atravessar a rua sozinhos. Pegar ônibus? Era a coisa mais assustadora do mundo para aquelas duas crianças. Alguns debochavam, pensavam que nós, irmãos, éramos um casal de namoradinhos. Onde já se viu! Por que eu não podia atravessar a rua de mãos dadas com minha querida irmã?
Naquela época eu era apenas e tão somente uma criança. E isso não é pouco hein! Hoje lembro com contentamento daquela época em que tudo era novo. Difícil também. Mas foi um período de descobertas muito valioso. Sem pestanejar, eu digo: "Sou o que foi feito de mim e o que eu permiti, ou não, que fizessem".
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