A carta estava ali guardada e era como se implorasse para ser aberta e lida mais uma vez. Talvez tenha se sentido esquecida ou rejeitada. Relegada à um cantinho do passado onde tudo era novo e mais feliz. Ela também devia estar nostálgica da viagem que fez lá dos confins do Sul até aqui, onde estou. Mas como sou desorientado, nunca sei em que direção vou. Se é norte, sul, leste, oeste ainda é um grande mistério. Só sei que vou.
Portanto fui e peguei. Reli todinha. De cabo a rabo. Com seus pequenos errinhos que logo me saltaram aos olhos, pude relembrar. E foi bom. É ótimo quando o passado não pesa. Quando parece que ele foi realmente vivido. Apesar da boa lembrança, eu ainda estou aqui, sem saber a direção correta. Vou sendo levado apenas pelas brisas da natureza. Sou dela e vou para onde ela quiser.
Estou bem resolvido quanto à minha reconstrução diária. Será? Às vezes me sinto tão múltiplo e disperso, vários eus atuando em tantos sentidos. Estranho.
Acho que tem outro ser dentro de mim.
Sem duplas significações. [Esse eu desavergonhado e insaciável eu identifico e confirmo. Existe.]
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