sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O disparo do desespero

O desespero é mero reflexo de decisões precipitadas ou tomadas tardiamente. A mente é um ser em si mesmo, não dando lugar a interferências autoritárias e sem pé nem cabeça. Linda como só ela, não admite que remexa tanto com sua condição de calmaria e ebulição. Esses dois sempre conseguiram conviver em harmonia, mas sem pressa nem desacordos com o tempo. Não é preciso bater a cabeça na parede, tudo entra nos seus conformes. Se for para entrar, claro.

A recepção de mensagens subliminares provoca certa apreensão e receio, mas nada como uma boa noite de sono e o belo café da mamãe para reconfortar as idéias e fazer surgir um novo entusiasmo, mesmo que a manhã esteja chuvosa e nublada. Às vezes penso que passamos tanto tempo preocupados em aprender coisas novas, que não notamos que a própria vida é um eterno aprendizado. Já ouviram falar em aprender a viver? Com certeza, sim. Mas aprender a viver de acordo com o quê? Com quem? Com que valores e regras?

No entanto, a figuração de uma existência nunca pode ser encarada como uma coisa menor, pois ela está presente em boa parte dos vôos diários e imprevisíveis alçados em direção ao futuro, que é agora e já não é mais. Impressões que ficam e que, ao se desgrudarem do campo imaterial, repelem todo tipo de benfeitoria e compreensão entre os seres humanos. É o fim. Do começo.

O meio foi raptado e levado para uma terra distante conhecida como “Devagar e sempre”. Pode rir. Isso não vai deixar menos real a história que foi contada naquela noite iluminada, não só pelas chamejantes luzes dos candeeiros, mas também pela infinita Lua. Os elementos foram buscados onde não se acreditava ter mais vida, apenas desesperança. Engano. Mais um dentre tantos dispostos fulminantemente ao longo dos trilhos tristonhos e tensos da vida.

O disparo já não comove mais. Está longe. As pessoas dizem que não tem nada a ver com isso. Nessa hora, o desejo de esganar o infame assassino surge em muitas mentes. O sentimento é humano. Mas amanhã outro e outro e mais outro morre. E continuamos a morrer, como se fôssemos nada.

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