Hoje eu ouvi coisas. Você também?
O velhinho caminhando
A pomba morta nos trilhos
Os passos firmes, duros e moles
A biscate na rua no seu trabalho diário
O mascate vendendo os seus produtos
A doméstica esfregando o chão
O giz correndo pelo quadro negro
Que não tem nada de negro
O bairro acordando depois da noite chuvosa
A cigarra se esgoelando de alegria
O sol despontando acima do monte
O orvalho despregando das folhas
O cotidiano repleto de odores
Antes, a neblina se fez presente
A Lua se escondia de sono
De novo, toda a gente trabalhava
Os dias de festa estavam próximos
Tudo. Tudo era mais dinâmico
Sem vírgulas nem pontos finais
A psicografia foi levada tão a sério
Que os humanos se esqueceram
De que a vida ainda é primordial
E passaram a viver sempre através
De vultos.
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