A poesia é conquistada ou faz parte dos dons instintivos? O poeta é construído ou constrói a si mesmo? A lua cria o próprio brilho ou ela já nasceu assim? Tudo o que morre nasce de novo para depois morrer e seguir nascendo infinitamente? A ardência faz perceber o quanto há de carne naquilo que será engolido tão rapidamente pelos vermes sem dentes e sedentos de comida fraca e olhos frescos.
A alegria de estar presente e onisciente faz parte de um panorama mais radical e personalizado das vidas perecíveis prostradas diante de altares de boas e vãs promessas.
O cabelo molhado é tão palpável e macio que torna todo antídoto uma fórmula óbvia de renascença e descrença no que é reverberado pelos ouvidos surdos e cegos. As unhas, os dedos, os pêlos, os falares já correspondem ao que foi imaginado e rabiscado no grande caderno dos desenhos não-artísticos e humanisticamente rasgados em tiras toldadas pela escuridão do entardecer tempestuoso.
Eu falo coisas que nem se podiam prever anos atrás, eu penso sem nem saber que estou pensando, sorrio sem ao menos notar o movimento dos lábios em direção a uma sonora e contagiante gargalhada. Mas o mais importante: eu sinto coisas que até o coração duvida, de tão intenso e desabalado que é.
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