segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O reconhecimento

Por que eu não me basto? Por que sempre preciso de outro? Por que o vazio momentâneo não pode ser algo bom e aproveitável? Por que os porquês são tão desconcertantes? É preciso uma cara-metade ou apenas metade da cara para ser feliz? O raio de sol ilumina para todos ou é direcionado para aqueles que nasceram com o bumbum virado pra lua? Às vezes desconfio que os dois fizeram um pacto. Mas isso é bobagem da minha cabeça muito imaginativa.

O motivo de todos os questionamentos está nisso: o ser humano que eu sou ou que nós somos, invariavelmente, sem prerrogativas de saber e de possuir. Ninguém é dono de ninguém. É triste quem acha que a posse não será transferida, pois ela será. Tudo é provisório, passageiro e predestinadamente previsível. A crença de que a chegada está cada vez mais distante nos faz abrir um lampejo de felicidade a cada amanhecer, resolvidos a transformar o dia num belo realizar do sonho da noite anterior.

Interrupção necessária e rápida. Não chegou a cinco minutos no relógio atrasado.

A busca parece incansável, mas a minha paciência parece se esgotar assim como as árvores da Amazônia. Eu tenho pressa, o fôlego parece que acabará do dia pra noite. Não sei explicar muito bem, porque o tempo perdido parece cobrar mais ação, mais atividade, mais vida! E apesar da solidão, continuo a cantarolar ao ver sorrisos de crianças.

Como esse abrir de dentes me comove e arrepia até a superfície mais profunda da alma! É impressionante como o olhar pidão de amor me tira do lugar e faz estremecer todo o corpo. Sou nada diante de vocês, minhas belas crianças. Meu belo futuro será pintado por suas grandes realizações. O favor é feito por vocês, não por mim. Continuem a sorrir tão livre e despreocupadamente, pois dessa forma se alimentam de forças para seguir em frente, na lenta e cruel caminhada do crescimento rumo às grandes responsabilidades. Elas também são necessárias, mas vocês são ainda mais.

O meu sorriso ganhou um pouco mais de felicidade e o brilho nos olhos de vocês me fez crer em tudo o que há de mais naturalmente abrasador nos pequenos e singelos detalhes.

Nenhum comentário: