Outro dia senti o cheiro da minha biblioteca quando ainda era um garoto que sonhava em se reinventar e descobrir o mundo que havia lá fora. Dona Milla, a querida e apaixonante ‘dona’ da biblioteca, sempre me incentivava a ler, me sugeria livros e, de repente, já trocávamos figurinhas de autores e títulos. Tinha dia que não abria e eu voltava para casa com os livros que já havia devorado rapidamente.
Boas lembranças e um período muito importante, que guardo com carinho e teve sua parcela de contribuição no que sou-estou-faço hoje. Naquela época nem percebia o que acontecia, afinal de contas era o presente e agora já estou no futuro: só sentia um tremendo prazer ao abrir um novo livro e me deliciar com aquelas lindas palavras que me alegravam o espírito. Mas que espírito? O meu ué, você não o conhece? Sugiro conhecer. Ele é super gente boa. Às favas com a modéstia.
A aproximação com o outro tornou-se mais fácil, mesmo mergulhando em mundos paralelos e mágicos nunca antes visitados. Tenho a impressão de que essas ações e a troca de imaginações fazem parte de tudo o que escrevo, de tudo o que transformo em palavras dispersas e olhares contundentes. Mas eu tenho uma confissão a fazer: achava uma tremenda balela quando diziam que se podia viajar por esse mundão todo através dos livros. Não sabia como isso podia ser verdade e então aceitei o desafio e fui conferir de perto.
O caminho não teve volta e até hoje eu vivo e respiro livros, acima de tudo. Parece que estaciono quando não estou com nenhum livro na mochila, a transitar para lá e para cá com uma imensidão de idéias borbulhando, nas páginas e nas curvas da minha mente.
Agradecer à minha grande incentivadora já não posso, mas onde quer que esteja [o que é a morte? Alguém aí sabe?] ela deve saber que deixou um serzinho [EU] aqui na Terra e no barro cru que fez muito bom proveito do exemplo mostrado e do presente dado. A porta da biblioteca agora está sempre aberta e volta e meia o cheirinho [que deve ser de algum alvejante ou coisa do tipo] vêm a tona e invade a semente plantada há tantos anos atrás. Ah, nem faz tanto tempo assim. Mas é que minha relação com o tempo é diversa das demais. Depois explico isso melhor.
Às vezes, olho no espelho e vejo muito clara a imagem daquela criança em construção.
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