O insustentável ainda assim, meio capenga, conseguiu se sustentar ainda durante muitas décadas. Até que chegou a tempestade de areia e ilusões e levou para o fim do mundo [ou para o começo] tudo quanto é contradição e melancolia. Desfez-se o misticismo incrustado na pupila do olho marejado de cataratas e riachos esplêndidos. No outro lugar, onde tudo parecia acordar para o canto dos pequenos pássaros, uma voz foi calada brutalmente.
Foi reduzindo, reduzindo. Seu tamanho já não era mais o mesmo de antes. Sua boca já não se abria como antigamente. Seus dentes e mandíbulas pareciam grudados em um rosto que não era seu. Nada denotava tristeza, muito menos indiferença. Não havia expressões, antes tão intensas e estampadas para quem quisesse descobri-las. O cosmo parecia conspirar para o desabrochar dos terrores mais planejados e necessários. Não era tudo verdade, apenas a diferença tornou-se tão latente que dúvida nenhuma pairou sobre a arquitetura da indefinição.
Um espirro. Atchim! Desengonçado, atravessou a rua olhando o infinito e a bela lua cheia que se estendia pelos céus embriagados pelo frescor de sua insaciável luz. A impressão não se confirmou, assim como a profecia não revelada aos que se diziam mais instruídos e superiores. Mas no íntimo sabiam que a superioridade não ultrapassava sequer o ossinho do calcanhar esquerdo. A fraqueza também estava altamente inflamável e ele já não podia se esquivar dela.
Um cigarro ao chão, jogado como se fosse uma minhoca em fase de crescimento acelerado, ulcerando aquilo que um dia se chamou de pulmão saudável. Ainda esbanjava vida, porém a escuridão foi tomando conta de forma avassaladora. Mas não se importou, ainda podia respirar, com dificuldades, é verdade, mas ainda podia. Sua potência ainda não havia zerado e era tudo o que importava naqueles instantes efêmeros de sossego e reflexão. Serenidade às vezes faz bem para centralizar o eixo e desmembrar as energias infamantes de olhares apagados pelo seu próprio ego exacerbado e imundo.
Do véu de noiva, só restou um farrapo para ser colocado na entrada da casa abandonada. Há mais de dez anos, mas ainda continuava lá, com suas paredes intactas e marcas de convivências para sempre registradas em cada cantinho daquelas estruturas guerreadas.
Tudo isso foi a representação daquilo que não pensei, não sei, não fui, não falei, não calei, não dei, não demonstrei, não desliguei, não iluminei, não reparei, não estive, não neguei.
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