terça-feira, 23 de setembro de 2008

Paisagens

O pano se estendeu por toda a sua face e cobriu, como se fosse um manto, todas as suas feições e expressões desvairadas e loucamente cultivadas durante décadas. O espelho fazia a paisagem parecer muito comum, já visitada e apreciada muito antes disso tudo aqui ser habitado por pessoas e bichos.

Divagando pelas ruas, ele estava neste estado: sem saber aonde chegar, o que fazer, o que pensar, como agir. Parecia não pertencer a nada nem ninguém, era tudo muito estranho e frenético, porque as pessoas passavam e ele não conseguia distinguir rostos conhecidos. Era tudo muito de outro mundo, de outros espaços nunca presenteados.

A música tocava em becos invisíveis pelo entardecer que tomava todas as ruas daquela vila cheia de alegria e vida. As sombras tomavam conta e o trem passava ali dentro em algum lugar. Só era possível ouvir o barulho se distanciando cada vez mais. Será que estava cheio? A lua estava.

O requebrar e o molejo iam tomando conta da energia do lugar. Lembrava algum baile latino e com muita quentura e tempero ardente. Todos estavam muito animados e eletricamente acordados e desfilavam por todo canto, curtindo momentos que logo mais fariam parte de boas memórias.

Boas recordações. Bons ditados. Boas cirandas. Brincadeiras divertidas.

Felicidade desregulada e desbaratinada.

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