sábado, 20 de setembro de 2008

A desordem

Disse que estava ali, que veio apenas para designificar, dessintetizar, desintegrar, desordenar. Não havia sentido em nada, porque esta era a ordem da vida: a busca ininterrupta por ordenamento daquilo que nunca poderá ser arquivado em prateleiras empoeiradas e esquecidas para sempre.

No chão molhado pela chuva fina que caía naquela noite estrelada, o cheiro era agradável e tudo era convidativo para um novo reabrir de sonhos e desejos. Transportava-se de cabeça, corpo e alma para refúgios distantes do normal e corriqueiro, pressionava sua nuca contra a palma da mão esquerda e, dessa forma, sentia ela flutuar por lugares fulgurantes e de chamativos desígnios.

Você gosta disto porque é seu, é intrínseco. Está impregnado nos fios de cabelo rebelde e reabilitado com forças sobrenaturais e definitivas. O som não satisfazia, não soava bem aos ouvidos, mas ele tentava manter a tranqüilidade típica de um monge ensimesmado em seus hábitos levianos e levados pelos ardis do pecado inconfesso.

A princesinha entreabriu a janela e viu um resplandecente nascer do sol.

A primareva pedia passagem e explodia em cada poro das existências excêntricas e mal compreendidas.

Não será entendida nem decupada, muito menos filtrada em idéias retocadas e apresentadas como novidades nas vitrines de ambições deturpadas.

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