Roçar e deslizar sua perna no desconhecido faz parte de um momento mágico e contraditório. Você não conhece, mas está ali. Aparentemente não difere em muita coisa de sua estatura baixa e morosa, mas sem indagações e interceptações percebe que é igual, que é você travestido de outra roupagem, inovadora e deslocada de sua couraça original.
Tentam balançar de um lado e de outro, mas me mantenho teso e resoluto diante das peripécias [sempre gostei desta palavra] que me apresentam e se transformam quando chegam a mim. Tomo posse, são minhas e de mais ninguém. É o meu livro de histórias mal contadas, mal iniciadas, mal rabiscadas, mas contundentes naquilo que fortalece cada vez mais a abdicação de velhos valores e novas morais. E a vergonha acabou-se por completo, para todo o sempre até que alguém a mude de lugar e a transforme no estandarte dos bons costumes que oprimem e regulamentam um espaço reservado ao caos e à anarquia.
Um sinal obsceno de uma revigorante e desmiolada senhorinha que perambula pelas esquinas de tráfego misturado com tráfico, que reverbera nos ossos daqueles que foram enterrados e se contorcem para voltar à tona, poder respirar e gritar impropérios inimagináveis diante da vossa excelência sagrada e pura. Pureza entremeada de guerras infames e extrovertidas, que gargalham na cara do perigo de se perder e perder o medo do inigualável teorema formulado por malucos de todo o mundo, de todas as eras.
Um vestido balança no varal ao sabor da ventania que ofusca com suas pedrinhas e pequenos ciscos imperceptíveis no ar impuro e levemente morno. O crepúsculo toma a varandinha da pequena moradia construída com palhas, madeiras, pregos, rumores, ganas, avarezas, solidariedade, samba do crioulo doido, mutirão. O doido corre segurando suas calças, e naquela cena engraçada não se inibe de continuar a correr desenfreadamente. De repente, rouba o vestido florido que estava no varal e o veste todo desajeitado. Que doido!
Mas não parou de pensar que se deseja o que quer já não se permite mais querer, e se não quer o que lhe é sugerido, estupora-se e se debate como um epilético, sem nem imaginar que os tremeliques do seu corpo representam apenas a falta de sensação obstinada que o aflige repentinamente sempre pela manhã dos dias, que sempre parecem enevoados e nublados, aquele tempo que o faz ficar ‘down’. Que down o quê ô! Down é o critério com o qual analisa a si mesmo. Fechou o vidro da janela e saiu para curtir a vida que se contorcia lá fora.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário