De repente achei tudo muito hilário e meu corpo estremeceu de êxtase com aquela mão e um de seus dedos preenchido com aquela aliança que simboliza tanto. Até pra mim representa muito, ou quase nada, como queira. Sempre observei com muita curiosidade a necessidade das pessoas usarem um aro prateado ou dourado no dedo pra representar todo um ideal mal refletido nas hipocrisias do dia-a-dia.
Um direito reservado apenas aos tolos. E não peço desculpas, não preciso, mesmo àqueles amados por mim. Não, não estou amargo hoje. Só queria desabar [na minha cama] um pouco. Mas não quero encher vossos ouvidos [sim, porque minhas palavras gritam escandalosamente] de mais e mais blá-blá-blás. Seu anel vai continuar aí mesmo. Mas ninguém vai impedir que eu continue achando toda a situação muito engraçada e patética.
Mas o corvo sobrevoou o abrigo lotado de ratos de todos os tamanhos imagináveis. Num vôo rasante descobriu que podia ficar por ali sem ser incomodado por ninguém. Era por demais solitário e anti-social, mas no fundo no fundo desejava de forma doentia travar relações com os bichos de outras espécies, mas que podiam ter as mesmas idéias que ele, ou não. Mas não revelava seu segredo nem pra si mesmo.
O corredor escuro se apresentou e foi crescendo a cada passo dado. Não havia portas ao longo dele, não viu, mas sentiu, tateou, caiu. Janelas muito menos. Escapatória nenhuma. Estava cercado e cuspiu no chão maldizendo a sua sorte, de estar num lugar com ar tão irrespirável.
Num piscar de pálpebras, percebeu que a vida já não o habitava e sua nova casa não tinha móveis nem emoções, era só ele e nada mais. Na verdade, agora não tinha mais casa. Era um andarilho no pó das estrelas no universo perdido de alguma galáxia.
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